CANUDOS

Canudos: de Antonio Conselheiro a Lula da Silva tem como matriz uma série de aulas veiculadas em 2019 no Canal Paz e Bem e na TV 247. Apresenta a vila edificada e liderada por Antonio Conselheiro em Canudos, por ele renomeada Belo Monte, no sertão baiano de fins do século XIX. Analisa fatores de ordem socioeconômica, política, cultural e religiosa fundamentais para o entendimento da ?invenção? conselheirista, a saber: uma urbe alternativa, capaz de encher de esperanças e iniciativa gente abandonada pelos poderes do Estado, subjugada pela prepotência dos dominadores, controlada pelas ameaças dos que se arrogavam o monopólio do sagrado. Tamanha invenção abalou estruturas nos âmbitos regional e nacional, e suscitou brutal represália. A ?campanha de Canudos? foi posta em curso pela República recém-implantada, procedendo ao extermínio radical do movimento que se estabelecera em descompasso quanto aos projetos e desmandos daqueles setores sempre aferrados ao poder, visando deixar clara a impossibilidade do dissenso popular. O livro demonstra como a curta saga do Belo Monte é reveladora de estruturas de longa duração que têm definido a história do país, tal como aponta Ariano Suassuna: ?o Brasil oficial violenta e esmaga o Brasil real?. Estabelecendo o ponto de estofo das questões em nossos dias, o trabalho cuida de inscrever o lugar histórico de Luiz Inácio Lula da Silva, que emerge em nossa contemporaneidade revelando a incidência das operações pregressas. O maior líder popular de nossa história se torna, aproximadamente um século após a destruição do Belo Monte, presidente dessa mesma República, subvertendo neste lugar o que costumeiramente vinha sendo perpetrado. Desta vez o Estado tem como representante um sertanejo que trata de incluir os pobres no orçamento da nação, segundo suas próprias palavras. Intérprete do Belo Monte de Antonio Conselheiro, e elo robusto na cadeia da busca de alternativas para o sofrimento do povo brasileiro, desvenda meandros da saga brasilei